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16 de Abril de 2024

Na Alemanha, sociedade civil está abrigando refugiados em sua casa. Será que o brasileiro copiaria o feito?

Um exemplo a ser seguido! Só vontade não basta. Com o aumento do interesse de alemães em receberem refugiados em casa, a organização alemã de direitos humanos Pro Asyl (Pró-Asilo) fez um alerta: apenas a solidariedade não é suficiente para o sucesso dessa experiência.

Publicado por Fátima Burégio
há 9 anos

Diante do crescente número de refugiados chegando diariamente à Alemanha e a superlotação de abrigos temporários do país, iniciativas da sociedade civil e do governo têm buscado novas formas de abrigar esses imigrantes, inclusive oferecendo moradia temporária na casa de alemães.

Jean-Paul Pastor Guzmn

É o caso do Flüchtlinge Willkommen ("Bem-vindos, Refugiados", em alemão), que funciona como o popular site Airbnb - mas que, em vez de turistas, é voltado para quem se sentiu obrigado a deixar seu país.

Desde novembro, o Flüchtlinge Willkommen já intermediou o aluguel de 80 quatros na Alemanha e recebeu mais de 1,5 mil ofertas de pessoas que desejam abrigar refugiados.

O portal surgiu quando três jovens de Berlim decidiram oferecer um quarto vago no seu apartamento.

"Ia fazer intercâmbio no Egito e precisava alugar meu quarto durante esse período. Já acompanhava a situação dos refugiados há algum tempo e tive a ideia de proporcionar uma nova casa a alguém, já que faltam abrigos para quem pede asilo atualmente", disse Mareike Geiling, uma das fundadoras do site, ao jornal Spiegel Online.

Seus colegas de apartamento, Jonas Kakosche e Golde Ebding, aprovaram a proposta, e os três recolheram doações com amigos e familiares para bancar o aluguel do quarto.

Em duas semanas, já tinham o suficiente para seis meses de aluguel. Bastou, então, encontrar o novo morador.

"Um amigo nos apresentou ao Bakary, um ourives que fugiu do Mali e vivia nas ruas de Berlim. No mesmo dia, ele se mudou para o nosso apartamento", contou Geiling.

A experiência deu certo, e eles desenvolveram um site para que amigos pudessem fazer o mesmo.

O Flüchtlinge Willkommen acabou se tornando a primeira plataforma online de aluguel de quartos do tipo.

A iniciativa já tem adeptos também na Áustria, onde o projeto foi lançado em janeiro passado. Pelo site austríaco, já foram intermediados mais de 40 quartos.

Financiamento coletivo

O processo para quem deseja disponibilizar um quarto é simples. Primeiro, é preciso preencher um formulário no site sobre o apartamento e seus moradores.

A partir de então, parceiros locais procuram refugiados que mais se adaptam ao perfil do grupo e intermediam o contato. Se ambos concordarem, o quarto é alugado.

O aluguel pode ser pago de diferentes formas. Muitas vezes, é usado o auxílio mensal para moradia oferecido pelos governos de Estados alemães para refugiados em situação legal.

O valor do benefício varia conforme o tamanho e a região do apartamento.

Os criadores do Flüchtlinge Willkommen também sugerem o sistema de financiamento coletivo, em que cidadãos podem fazer microdoações para pagar a estadia.

Além do Flüchtlinge Willkommen, há outras iniciativas que intermedeiam não somente o aluguel de quartos para refugiados, mas também de apartamentos.

Em Berlim, o Trabalho de Assistência e Juventude Luterana (EJF, na sigla em alemão) foi a organização escolhida pelo Departamento Estadual para Saúde e Assuntos Sociais (LaGeSo) para administrar esse sistema de aluguéis.

O processo é um pouco mais burocrático do que o do Flüchtlinge Willkommen. Os interessados precisam, primeiro, entrar em contato por telefone com a central do EJF.

Depois, os funcionários da organização analisam as informações, enviadas por escrito, sobre o espaço oferecido.

Caso o local seja considerado apropriado, três famílias ou refugiados, juntamente com um intérprete, fazem uma visita para conhecer o imóvel. O proprietário escolhe entre eles quem ficará no apartamento.

Se o proprietário desejar cobrar pelo aluguel, a LaGeSo fica responsável pelo pagamento e das despesas adicionais.

Desde janeiro até julho, o EJF já intermediou o aluguel de 81 apartamentos e quartos na capital alemã.

A porta-voz do EJF, Julie von Stülpnagel, ressaltou à BBC Brasil, porém, que essas moradias são destinadas somente a requerentes de asilo que possuem permissão para ficar no país, mas ainda não foram reconhecidos oficialmente como refugiados.

Só vontade não basta

Com o aumento do interesse de alemães em receberem refugiados em casa, a organização alemã de direitos humanos Pro Asyl (Pró-Asilo) fez um alerta: apenas a solidariedade não é suficiente para o sucesso dessa experiência.

A organização destacou que refugiados têm vontades próprias, nem todos são abertos e simpáticos e que é preciso ter isso em mente na hora de decidir dividir uma casa.

ONG recomendou ainda que os interessados levem também em consideração que muitos refugiados vêm de contextos culturais diferentes e que alguns sofreram traumas em seu país ou durante a viagem.

Por isso, muitos precisam morar em locais que ofereçam na vizinhança determinados serviços voltados para eles, como apoio psicológico ou de assessoria para pedidos de asilo.

Por BBC Brasil

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