Vergonhoso: Brasil, terra do 'Pei-pei'! Cartilha orientadora para lutadores de UFC chega a constranger os cidadãos brasileiros
"Pei-pei" simboliza o barulho dos estampidos provocados por disparos de projéteis de armas de fogo.
Enrubesci ao ler na manhã deste dia um noticiário em que eram concedidas informações em formato de 'cartilha' para os lutadores de UFC que virão ao Brasil em breves dias. Os conselhos, todos pertinentes, atuais e cabíveis, infelizmente, me deixaram inquieta e reflexiva.
Assim, pensei: ora, se eu fosse de outra nacionalidade, com tantas recomendações acerca de segurança, latrocínio, sequestro, roubos e outras situações terríveis que poderia experimentar, jamais intentaria colocar meus pezinhos numa terra destas.
A matéria relata que:
Famosos pelas lutas truculentas, os atletas que vão ao Rio participar do UFC 190, no próximo sábado, receberam uma cartilha da organização do evento alertando para a violência da cidade e recomendando que lutadores e equipes evitem circular por bairros considerados perigosos, como Lapa e Santa Teresa, na região central. O documento chega a proibir os atletas a sair a pé do hotel Sheraton, no Leblon (zona sul), por causa da proximidade da Favela do Vidigal.
Além de recomendações comuns a turistas, como evitar carregar muito dinheiro, joias e aparelhos eletrônicos, a cartilha alerta para que os participantes do evento não marquem encontros em boates ou hotéis. "Você pode ser a isca para um ladrão", diz o texto, destacando a incidência de aids entre prostitutas e menores de 18 anos de idade. "Sempre fique de olho na sua bebida", avisa a carta.
A organização do UFC 190 alerta seus atletas e funcionários a nunca reagir a assaltos, nunca sacar dinheiro na rua e nunca abrir a porta do quarto do hotel sem conferir primeiro quem está do outro lado. O documento estabelece que qualquer favela e suas redondezas devem ser evitadas, mesmo que em passeios oferecidos por empresas privadas. Ir à praia de manhã cedo ou à noite também está na lista de atividades consideradas perigosas. O texto recomenda ainda que os lutadores usem apenas as vans do UFC 190 ou táxis recomendados pelo hotel.
"Tenha certeza de que a corrida está sendo registrada e nunca negocie o preço", diz a cartilha. O documento informa que a organização do evento fornecerá segurança extra aos atletas dentro do hotel, para chegadas e partidas programadas, e nas vans e ônibus fretados do UFC.
Ao menos 17 lutadores e lutadoras participarão do UFC 190 no Rio com treinos oficiais e eventos de pesagem programados entre amanhã e sábado, quando ocorrem as lutas, na HSBC Arena, na Barra da Tijuca (zona oeste). Procurada pela reportagem, a organização do evento não se pronunciou sobre a cartilha de segurança.
Artigo faz menção à matéria publicada no Estadão
30 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.
A cartilha não disse nenhuma mentira! continuar lendo
A cartinha está certa! continuar lendo
Infeliz "Cidade Maravilhosa"! continuar lendo
É que o pessoal do "UFC 190" não quer ter de ligar para o 190 caso algo aconteça!! continuar lendo
Infelizmente, são os mesmos conselhos que meu pai me daria. continuar lendo
Bom, essa cartilha deve ser seguida por qualquer turista em qualquer lugar do mundo, posto que existem ladrões, bairros perigosos, vigaristas, tiros e AIDS em qualquer lugar. continuar lendo
Concordo nobre colega, fiquei rubro. continuar lendo
Será que em qualquer lugar do mundo há favelas ao lado de bairros nobres?
Em que há quadrilhas especialistas em saidinhas de banco?
Em que há taxistas que exploram turistas, inclusive com ameaças? continuar lendo
Sim, bandidos, pilantras e pobreza não é exclusividade brasileira. continuar lendo
Caro Aphonso
Com todo respeito, mas tenho dúvidas se você conhece "qualquer lugar do mundo". Digo-lhe, com a experiência de conhecer muitos lugares mundo afora, que nunca estive em um lugar tão perigoso quanto o Brasil.
Nem na Índia, cuja pobreza é infinitamente superior, não se vê tanto risco como aqui. Tantas mortes banais, sempre com armas de fogo, em qualquer hora e em qualquer lugar. É claro que existem bandidos e lugares perigosos em qualquer canto do mundo, mas poucos lugares se comparam ao Brasil. Consigo pensar, rapidamente, em Síria e Haiti e não é a toa que atualmente recebemos grandes contingentes de imigrantes de lá. Poucos lugares do mundo recomendam tanta precaução como no Brasil e o risco de vida está tão perto do cidadão como aqui.No Brasil, se mata com brutalidade e indiferença pela vida humana.
É cada vez mais comum se conhecer alguém que foi assassinado. Quanto a ser assaltado, é raro se conhecer alguém que não tenha sido. Saiba que, em muitos desses "qualquer lugar do mundo" vive-se e morre-se há gerações sem saber o que é ter um irmão, um pai, um vizinho ou um amigo assassinado.
E, de fato, a pobreza não representa necessariamente violência como muito se prega no Brasil. Há poucos anos atrás, a população mais carente progredia em termos de renda, mas as taxas de violência aumentaram em razão da incompetência do Estado nesta área. Países mais pobres, bem perto da gente, como o Uruguay, por exemplo, não tem índices de violência que temos aqui.
Por fim, o mais é triste constatar que muitos brasileiros ainda se alimentam do discurso oficial de que a violência está em todo canto ou que um lugar pior do que o seu justificaria a situação, e assim se deixam enganar pensando que a violência que existe aqui é como a de qualquer lugar do mundo. Isso só nos deixa indiferentes quanto à péssima qualidade políticas públicas, do jeito que querem os políticos para se livrarem de cobranças e, o que é pior, cada vez mais ficamos insensíveis quanto ao terror que nos rodeia. continuar lendo
Nenhuma mentira foi dita. O grande problema é que estamos tão acostumados com toda essa rotina de violência, que acabamos por banalizá-la.
Sinceramente, cada dia que passa tenho mais vontade de ir para uma cidade pacata, pois morar no Rio de Janeiro é o mesmo que jogar roleta russa. continuar lendo
Até que foram modestos. continuar lendo